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Um casal, duas casas

Mas não é para todo mundo que esse sistema funciona ou parece ser a melhor opção. Muitos casais acreditam que o compromisso de ter um relacionamento sério não implica em ir morar juntos. Foi o que decidiram a designer Carolina Mello, 27 anos, e o redator publicitário Daniel Martinelli, 32. Juntos há cinco anos, eles moram não só em casas separadas, mas em cidades diferentes, no estado de Santa Catarina. “São 30 minutos de carro, nós nos vemos aos finais de semana e estamos muito bem assim, nos consideramos casados, mesmo sem nenhum papel oficial”, comenta Carolina. Ela nunca teve vontade de se casar da maneira tradicional e conta que, entre as vantagens do esquema em que vive com Daniel, está o de ter sua individualidade preservada. “Não é preciso abrir mão da própria rotina para encaixar a rotina do outro. Nossos horários de trabalho, de alimentação e de dormir são bem diferentes. Morando juntos seria um problema para fazer nossas rotinas se encontrarem”, exemplifica. De acordo com a psicóloga e especialista em psicanálise Elisa Motta Lungano, essa é mesmo uma das vantagens que os casais que escolhem este modelo costumam apontar. “O que é preciso é entender que não há uma regra que dá certo para todo mundo. Para algumas pessoas, a intimidade e o convívio podem ser um martírio que destrói uma relação que daria muito certo com cada um tendo seu espaço”, diz. Não ver o parceiro todo dia também pode estimular a saudade e a vontade de estar com o outro, mas pode complicar quando bate aquela vontade de só ficar por perto da pessoa e ver um filme juntos, sem planejar ou combinar antecipadamente. E as crianças? Não é o caso de Daniel e Carolina que, a princípio, não pretendem ter filhos, mas para quem fica na dúvida, é possível, sim, encaixar um bebê nessa rotina “São tantos os pais que vivem separados, com os filhos já se dividindo entre duas casas que, se os pais são amigos, se dão bem e isso dá supercerto, não vejo qual é o impedimento para dar certo com um casal que está junto de fato, mas não sob o mesmo teto”, diz Elisa. Ela observa que, hoje em dia, as crianças estão cada vez mais acostumadas com configurações diferentes de famílias. “Se elas sentem e percebem que os pais se amam e vivem em harmonia desse modo, é melhor do que ter os dois sob o mesmo teto sempre discutindo”, afirma. O cuidado maior, nesse caso, é para que, principalmente com as crianças mais novas, as regras de alimentação, higiene e horários sigam um mesmo padrão nas duas casas e com ambos os pais. Isso é importante para todo o desenvolvimento infantil e é bom que os pais conversem antes e cheguem a acordos de como irão organizar a vida do filho. (Foto: Getty Image)

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