Assistimos ao primeiro episódio de O Hipnotizador
Narrando a história de Arenas (Leonardo Sbaraglia), um hipnotizador enigmático que usa o seu talento para ajudar pessoas, O Hipnotizador é uma série de suspense repleta de mistérios que trabalha muito bem a questão de dualidades e fronteiras.
A primeira delas, mais óbvia, é a cidade em que se passa. Apesar de não ser nomeada ou definida como pertencendo a algum país específico, ela tem características comuns a vários lugares da América do Sul e da Europa.
O idioma falado ali é uma mistura de tudo. Metade dos habitantes se comunica em espanhol, e a outra parte em português, indicando mais ainda que o local seria uma fronteira entre dois (ou mais) países.
A decisão de usar atores falando várias línguas diferentes é uma escolha ousada que pode ser um pouco estranha no começo do episódio, mas que é fácil de esquecer à medida que você se acostuma com os personagens e a história de cada um deles.
A caracterização da época também não é algo bem marcado. Entende-se que a história se passa entre as décadas de 20 e 40, mas por nunca mostrar uma data exata, a série cria certo misticismo em torno disso também.
Outra fronteira é a dualidade dos personagens. O protagonista, por exemplo, é um hipnotizador que adormece as pessoas para resgatar as memórias escondidas no fundo da consciência, mas que é incapaz de dormir ou de se lembrar do próprio passado. Por conta disso, ele é um mistério até para ele mesmo.
Para o espectador, não fica muito claro se Arenas é realmente uma pessoa que sempre ajudou os outros através do seu dom ou se é alguém horrível que simplesmente esqueceu as crueldades que fez no passado e por isso foi amaldiçoado por seu antagonista, Darek (Chico Diaz), à insônia eterna.
A curiosidade que Arenas instiga é justamente o que o torna tão sedutor e potencialmente perigoso, especialmente para os outros personagens da série que tentam se aproximar e descobrir mais sobre aquela figura.
A própria profissão do hipnotizador é algo que, mesmo nessa época indefinida, é encarada como algo que não é exatamente ciência, nem magia e cai em um meio termo estranho que muitas vezes é interpretado como charlatanismo, especialmente por ser feito em um teatro, diante de uma plateia.
Em contraponto a Arenas, personagens doces como a Anita (Bianca Comparato), a camareira do hotel, se destacam. A preocupação genuína com o dono do estabelecimento, Salinero (Cesar Troncoso), a troca de olhares típica de namorinho de portão, e a delicadeza com que ela faz todas as tarefas tornam a personagem extremamente cativante. É extremamente difícil não se apaixonar por ela.
O clima de mistério e de que todos têm algo a esconder, seja dos outros ou de si mesmos, é capturado perfeitamente através da fotografia. Sombras bem marcadas, penumbras. Tudo é feito de modo que se esconda alguma coisa.
Em O Hipnotizador, todos os elementos mostrados são extremamente próximos da realidades, mas sempre têm a eles adicionados detalhes que criam desconfortos intrigantes e que tornam a série única. Ela não tem uma cidade exata ou uma época específica. Ela poderia acontecer em vários lugares, ao mesmo tempo que também não pertence a lugar algum.
Por essa estranheza e surrealidade, a série consegue sucesso em hipnotizar o espectador e intrigar o suficiente para instigar a assistir mais episódios. Só espero que não tenha sido tudo um sonho.
O Hipnotizador é uma nova série original da HBO que estreia em 23 de agosto às 21h.
A primeira delas, mais óbvia, é a cidade em que se passa. Apesar de não ser nomeada ou definida como pertencendo a algum país específico, ela tem características comuns a vários lugares da América do Sul e da Europa.
O idioma falado ali é uma mistura de tudo. Metade dos habitantes se comunica em espanhol, e a outra parte em português, indicando mais ainda que o local seria uma fronteira entre dois (ou mais) países.
A decisão de usar atores falando várias línguas diferentes é uma escolha ousada que pode ser um pouco estranha no começo do episódio, mas que é fácil de esquecer à medida que você se acostuma com os personagens e a história de cada um deles.
A caracterização da época também não é algo bem marcado. Entende-se que a história se passa entre as décadas de 20 e 40, mas por nunca mostrar uma data exata, a série cria certo misticismo em torno disso também.
Outra fronteira é a dualidade dos personagens. O protagonista, por exemplo, é um hipnotizador que adormece as pessoas para resgatar as memórias escondidas no fundo da consciência, mas que é incapaz de dormir ou de se lembrar do próprio passado. Por conta disso, ele é um mistério até para ele mesmo.
Para o espectador, não fica muito claro se Arenas é realmente uma pessoa que sempre ajudou os outros através do seu dom ou se é alguém horrível que simplesmente esqueceu as crueldades que fez no passado e por isso foi amaldiçoado por seu antagonista, Darek (Chico Diaz), à insônia eterna.
A curiosidade que Arenas instiga é justamente o que o torna tão sedutor e potencialmente perigoso, especialmente para os outros personagens da série que tentam se aproximar e descobrir mais sobre aquela figura.
A própria profissão do hipnotizador é algo que, mesmo nessa época indefinida, é encarada como algo que não é exatamente ciência, nem magia e cai em um meio termo estranho que muitas vezes é interpretado como charlatanismo, especialmente por ser feito em um teatro, diante de uma plateia.
Em contraponto a Arenas, personagens doces como a Anita (Bianca Comparato), a camareira do hotel, se destacam. A preocupação genuína com o dono do estabelecimento, Salinero (Cesar Troncoso), a troca de olhares típica de namorinho de portão, e a delicadeza com que ela faz todas as tarefas tornam a personagem extremamente cativante. É extremamente difícil não se apaixonar por ela.
O clima de mistério e de que todos têm algo a esconder, seja dos outros ou de si mesmos, é capturado perfeitamente através da fotografia. Sombras bem marcadas, penumbras. Tudo é feito de modo que se esconda alguma coisa.
Em O Hipnotizador, todos os elementos mostrados são extremamente próximos da realidades, mas sempre têm a eles adicionados detalhes que criam desconfortos intrigantes e que tornam a série única. Ela não tem uma cidade exata ou uma época específica. Ela poderia acontecer em vários lugares, ao mesmo tempo que também não pertence a lugar algum.
Por essa estranheza e surrealidade, a série consegue sucesso em hipnotizar o espectador e intrigar o suficiente para instigar a assistir mais episódios. Só espero que não tenha sido tudo um sonho.
O Hipnotizador é uma nova série original da HBO que estreia em 23 de agosto às 21h.